Foi apenas um encontro. Rápido. Poucas foram as palavras. Apropriadamente reservadas, deixaram que a comunicação fluísse pelo olhar e pelo toque.
Foi bom sentir você. Mas o despertador, sempre teimoso, me arranca dos meus desejos. Inconveniente, como lhe é próprio, me grita aos ouvidos que a realidade está a me chamar.
Catarse(...)1. Purgação, purificação, limpeza. (...) 3.Psicol. Efeito salutar provocado pela conscientização de uma lembrança fortemente emocional e/ou traumatizante, até então reprimida. 4. O efeito moral e purificador da tragédia clássica, conceituado por Aristóteles, cujas situações dramáticas, (...), trazem à tona o sentimento de terror e piedade dos espectadores, proporcionando-lhes o alívio, ou purgação, desses sentimentos.(...) Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (1986)
sábado, 28 de agosto de 2010
domingo, 22 de agosto de 2010
Realismo em carne viva
Ele estava magoado. Aconchegou-se entre os travesseiros, e mantinha as pernas guardadas entre seus braços. Buscava por uma posição que já sabia impossível retomá-la ainda nessa vida. Mas naqueles dias difíceis a busca pelo inalcançável lhe parecia uma saída. A única.
Doía-lhe tudo. Mas se um médico lhe perguntasse, não saberia dizer se alguma dor de fato existia. Não era possível ao menos se reconhecer vivo. Aquele corpo ali encolhido, diminuído a tal ponto, que talvez já nem mesmo existisse.
Perguntou-se se havia mesmo motivo para toda aquela dor.
Se por um lado, naquele corpo não havia mais vida, aquela mente ainda pulsava, e o coração ardia. E como ardia!
A carne já não reagia. Mas viver transcende as reações do corpo. Pensar é o pulso da vida. E sentir é fruto do que se pensa. Isso o levava a crer que seu viver andava mesmo de mal a pior. É que seu pensar fazia doer uma dor de morte. E morrer de dor de amor é reincidir na morte a cada suspiro de vida.
Centrou-se de novo na carne desfalecida, flácida, encolhida. Aquela massa desenhava uma escultura. A inexpressividade das formas era tamanha que causaria coquetéis de sentimentos em quem as vissem.
Mas aquilo não era a obra de um escultor sensível. Era o seu corpo, ainda vivo. Era a sua própria carne. Ferida exposta. Era a sua dor sintetizada, intensificada, inexpressivamente expressa. Exposta à sua própria existência.
Doía-lhe tudo. Mas se um médico lhe perguntasse, não saberia dizer se alguma dor de fato existia. Não era possível ao menos se reconhecer vivo. Aquele corpo ali encolhido, diminuído a tal ponto, que talvez já nem mesmo existisse.
Perguntou-se se havia mesmo motivo para toda aquela dor.
Se por um lado, naquele corpo não havia mais vida, aquela mente ainda pulsava, e o coração ardia. E como ardia!
A carne já não reagia. Mas viver transcende as reações do corpo. Pensar é o pulso da vida. E sentir é fruto do que se pensa. Isso o levava a crer que seu viver andava mesmo de mal a pior. É que seu pensar fazia doer uma dor de morte. E morrer de dor de amor é reincidir na morte a cada suspiro de vida.
Centrou-se de novo na carne desfalecida, flácida, encolhida. Aquela massa desenhava uma escultura. A inexpressividade das formas era tamanha que causaria coquetéis de sentimentos em quem as vissem.
Mas aquilo não era a obra de um escultor sensível. Era o seu corpo, ainda vivo. Era a sua própria carne. Ferida exposta. Era a sua dor sintetizada, intensificada, inexpressivamente expressa. Exposta à sua própria existência.
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
domingo, 1 de agosto de 2010
Contraponto
Ela tinha olhos doces e da cor azul piscina;
Ele Tinha olhar rude da cor da escuridão;
Ela falava em tom suave, e com teor adocicado;
Ele quase não falava, e quando abria a boca, dizia o necessário e suficiente;
Ela zanzava entre as flores, como se andasse em nuvens, e vestia tecidos leves, com cortes esvoaçantes;
Ele... Quase não se via a pé, sempre sobre um cavalo negro, e sob o chapéu de couro.
Vez por outra, o destino cruzava-lhes os olhares, e ela virava fera, silenciosa, objetiva, obstinada, e ágil; E ele anoitecia em um suave sorriso adocicado.
Ele Tinha olhar rude da cor da escuridão;
Ela falava em tom suave, e com teor adocicado;
Ele quase não falava, e quando abria a boca, dizia o necessário e suficiente;
Ela zanzava entre as flores, como se andasse em nuvens, e vestia tecidos leves, com cortes esvoaçantes;
Ele... Quase não se via a pé, sempre sobre um cavalo negro, e sob o chapéu de couro.
Vez por outra, o destino cruzava-lhes os olhares, e ela virava fera, silenciosa, objetiva, obstinada, e ágil; E ele anoitecia em um suave sorriso adocicado.
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