Catarse(...)1. Purgação, purificação, limpeza. (...) 3.Psicol. Efeito salutar provocado pela conscientização de uma lembrança fortemente emocional e/ou traumatizante, até então reprimida. 4. O efeito moral e purificador da tragédia clássica, conceituado por Aristóteles, cujas situações dramáticas, (...), trazem à tona o sentimento de terror e piedade dos espectadores, proporcionando-lhes o alívio, ou purgação, desses sentimentos.(...) Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (1986)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Com o salto em punhos

Tenho dessas atitudes inusitadas. E embora peça perdão por meus equívocos, ou por eventuais excessos, destes rompantes indolores eu não abro mão.
São, para mim, descansos para os pés exaustos do salto.
É preciso prevenir as varizes e os problemas cardíacos que decorrem da má circulação. Somatizar pra quê? Se é tão simples descalçar-se e deixar o fluxo ir se diluindo na terra molhada?
Viva o descer do salto! Porque é possível a elegância em pés descalços.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Recado

Precisei sair de fininho.
Sim, admito minha covardia. Tive medo que me visse ir, e não implorasse pra eu ficar. Tive medo de olhar seus olhos de menino, e de cair aos seus pés implorando pelo que não pode me dar. Senti pânico do futuro que eu viria sonhar ao seu lado, e desespero por não concretizá-los – tão perfeitamente construídos: os sonhos.
Foi preciso andar leve e sorrateira, e enfiar as narinas entre os dedos opositores. É que seu cheiro me atava ali: inebriada, lânguida, perdida de amor e de desejo.
Deixo aqui um recado anotado, sem nome, sem endereço, sem destino. Um recado sem data, sem prazo, sem fim. Um pedido desesperado para que, por favor, não se aproxime de mim...

pecado sutil

Enrolado entre lençóis brancos, o corpo de pele pálida parecia frio.
Desfalecia, entregue, como se vida ali já não houvesse.
Mas a face rubra denunciava o frescor do pecado, que floresce apenas onde há o ardente calor da vida.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Em um quarto distante e impessoal, um reencontro

Pela janela do sexto andar, analiso a cidade desconhecida. Arrisco-me na fantasia de uma vida construída ali. Aprecio as construções irregulares e antigas, o roncar dos motores de uma movimentada avenida, e a noite que demora a cair no horizonte.
São nove da noite e ainda há luz no entorno desta Terra. Estou sentada numa cama confortável, com a TV ligada, e essa máquina quente sobre meu colo. Na parede, há um espelho, que me reflete o lado oeste da cidade. Naquele canto, o céu ainda sustenta um redundante azul celeste. E, repito, passam poucos minutos das nove horas.
Estou aqui há poucas horas. Algumas delas foram muito bem investidas em uma gostosa soneca. Alguns minutos alternados entre a internet e um filme na TV. Algumas páginas de estudo tiveram seu espaço. Também tive tempo de chorar, assistindo à tragédia provocada pela chuva no litoral fluminense.
Mas bem aqui, nesse lugar, longe de casa, fui surpreendida por um encontro inesperado. Meu coração, que andava angustiado, silenciou. E posso dizer que neste instante sinto felicidade.
É que nesse quarto distante e impessoal, após inúmeros desencontros, mais uma vez, me reencontrei.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

migalhas

Passeio por esse jardim da internet e recolho os pequenos detalhes que deixas pra mim. Em silêncio, colho cada sinal como se fossem flores, e monto um delicado buquê, tão sutil como tem sido sua discreta e carinhosa presença...