Catarse(...)1. Purgação, purificação, limpeza. (...) 3.Psicol. Efeito salutar provocado pela conscientização de uma lembrança fortemente emocional e/ou traumatizante, até então reprimida. 4. O efeito moral e purificador da tragédia clássica, conceituado por Aristóteles, cujas situações dramáticas, (...), trazem à tona o sentimento de terror e piedade dos espectadores, proporcionando-lhes o alívio, ou purgação, desses sentimentos.(...) Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (1986)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Vigiar as palavras de um poeta é tão castrador quanto impedir ao boêmio a boemia.
Vasculhar pela verdade do poeta é persuadi-lo a uma realidade que lhe é indigesta.
Poetar é transgredir à insossa realidade, é derramar-se do que ainda lhe falta, é dar vida ao que morre dia a dia.
Respeitar a poesia é aceitá-la, se lhe fizer sentido. Caso contrário, deixe-a seguir seu rumo, assim mesmo, sem verdade, sem razão, sem prumo.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Republicando. Escrito em 31 de maio de 2004

Vou criá-lo para mim
Imaginá-lo
Desenhá-lo
Serás a minha invenção
Fruto de muita e deliciosa imaginação

Não sei como será o seu rosto.
Suas mãos, quero-as fortes e intensas
Energia tântrica me excitando com paixão

O corpo...
Forte? Talvez não!
Deve ser quente,
sabor transpiração.

De sua boca, entre um e outro beijo molhado ou não)
sairão muitas palavras,belas, inteligentes, negligentes, insanas ou de perversão.

Hei de senti-lo quente
Pulsando
Com meu quadril em suas mãos.

Porém, não saberei amá-lo eternamente
Se não for livre para amar-me
Pois te criei com essa função.

Ai não! Amor narciso, sem graça
Não és nada! Só fruto da minha
própria imaginação

Amor platônico!
Pensando bem...
Te quero não!

sábado, 10 de setembro de 2011

Ele ficou ali, sentado sobre a cama, admirando sua última conquista. Ela dormia profundo, entregue. A pele voltava vagarosamente à palidez usual, mas ainda restava manchada de uma cor indefinida, envernizada, úmida, e salgada.

Embora já não sentisse qualquer vestígio de desejo por aquele corpo, regozijava-se pelo seu mérito. Havia, porém, um leve sentimento de frustração, por ter sido um desafio menos trabalhoso do que supunha.

Quando a escolheu, entre tantas as outras moças que não lhe davam a devida atenção, julgava ser ela a mais próxima do inalcançável. Um tanto misteriosa, trazia consigo um gestual que sutilmente denunciava sua autoconfiança. Suas palavras sagazes esbanjavam uma capacidade de interação com o mundo, mas evidenciavam uma auto proteção exacerbada, que denunciava seu ponto fraco.

Sentia-se atraído pela moça. Menos pelo desejo de tê-la em seus braços, e mais pelo desafio que sua personalidade intrigante lhe instigava.
Nunca pensou que de fato a teria, assim, lânguida, desprotegida, escancarada sobre seus lençóis. Tão pouco pôde prever que a teria tido em seus braços, com olhar tão doce, e respiração ofegante.

Sua entrega foi tão intensa, transparente, presente e desarmada, que lhe estancava o encantamento. Sentiu-se um tanto decepcionado. Traído, de certa forma.

Continuou sentado, esperando o sabor da conquista diluir-se misturado entre seus lençóis. Nada lhe restava a fazer, a não ser esperar que a moça se fosse, para, então, sair em busca de uma nova e instigante conquista.