Catarse(...)1. Purgação, purificação, limpeza. (...) 3.Psicol. Efeito salutar provocado pela conscientização de uma lembrança fortemente emocional e/ou traumatizante, até então reprimida. 4. O efeito moral e purificador da tragédia clássica, conceituado por Aristóteles, cujas situações dramáticas, (...), trazem à tona o sentimento de terror e piedade dos espectadores, proporcionando-lhes o alívio, ou purgação, desses sentimentos.(...) Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (1986)

domingo, 25 de abril de 2010

Sento-me diante da tela branca e nenhum desenho me vem. Tudo está embaçado. É o sono que me retira as idéias. Bom sinal. A noite há de ser tranquila e bem dormida, como deveriam ser todas as outras que assim se negam ser... O vazio de palavras que não me deixam encher o papel é o mesmo que apazigua a mente. O ócio deve ser mesmo a moradia do diabo, e o diabo é que agita a vida. Por outro lado, a labuta adestra entediosamente.

Entre um bocejo e outro, suponho recordar de um borbulhar de idéias que noutros tempos não cabiam numa só caixola. E agora, corpo e mente, cansados, neutralizam aquele "eu" subversivo. Domesticada, abraço o travesseiro e rendo-me ao envolvente Morfeu...

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Eu me lembro bem dos seus olhos. Eles eram de alguma cor amendoada. Aliás, não só a cor, mas seus contornos também o eram. Assim, como duas amêndoas que refinavam o restante do rosto que era bem rústico.

Ele nunca foi um sujeito de traços belos. Era encantador como um todo. Tinha aquele tipo de charme que não se sabe de onde vem. Talvez fosse o seu descompromisso com o belo. Aquela elegância de quem está bem consigo. Mesmo que seja uma bela bravata.

A aparência de estar-se bem consigo, quando não se torna um exibicionismo ridículo, pode ser um jeito bem interessante de se atrair o outro. Deve ser porque é algo que se deseja por aí. Quem não busca sentir-se bem com a própria companhia?! A fantasia de que o outro detém aquilo que precisamos é o que nos atrai, nessa busca de alguma completude.

Eu fantasio isso naqueles olhos. Aquelas amêndoas descompromissadas. Aquela doçura discreta, entremeada em um semblante que não é propriamente embrutecido, mas também não se deixa dizer o que é. Não é doce. Não é amargo. Apenas elegante. Amendoado.

domingo, 18 de abril de 2010

Começar de novo...

São 2h. Não consigo mais acessar a edição do meu velho e abandonado blog, "Casa no Campo da Cabral" http://www.casanocampodacabral.blogger.com.br/. Às vezes, a vida virtual imita a vida real. Há coisas que o tempo torna inacessível, seja porque descuidamos delas, seja porque simplesmente mudamos e nos tornamos mutuamente inacessíveis. Pode ser que simplesmente perdemos o desejo de nos esforçar para acessar certas coisas. Deixamos pra lá. Quem sabe um dia, num insite psicanalítico, nos conectaremos novamente com as coisas esquecidas. Quem sabe, em algum dia...
Esse blog, assim como acontece na catarse, será fruto de uma prática, quase sem fim, de falar, de deixar vir, de exercitar essa pseudo consciência das coisas. E, supostamente, se libertar e ser algo em si...
Infelizmente, não creio nessa liberdade plena, por isso, o "pseudo"...